A polenta já foi milho, planta rica em açúcar, amido, sabor e cor, virou fubá pra chegar pra mais gente, e em Peixes se umidificou, ficou lisinha, macia, confortativa e gostosona. A polenta se dá bem com praticamente todo mundo que se achegar a ela: verduras, ragus, saladas, surpresas ainda sem nome, muitas vezes o resultado de uma maneira assaz pisciana de cozinhar: o que cair na rede vai pra panela. O que cair na rede que dizer tudo o que os olhos tocarem. Os temperos vão todos ou são sorteados. Discriminação racional é coisa de Virgem, o signo oposto. O processo na cozinha pisciana não é guiado por preceitos, receitas, controle, tradição e nem mesmo pelos sentidos, e sim pela fé.
A polenta pode abarcar e harmonizar isso tudo.
Para acompanhá-la na janta de hoje, prefira preparos de panela, que mantêm os sucos dos ingredientes — a gente quer tudo molhado, com a exceção de um elemento para para Marte exaltado, que participa por sextil. No meu prato é a abobrinha, tostada em fogo alto só de um lado, mantendo seu corpo ainda crocante e suculento. Em outra panelinha preparei um refogadinho com cambuci, alho e tomate, sem engrossar, pro suquinho se juntar à polenta, deixando algumas partes com as fronteiras ainda menos definidas. Bem no final, praticamente na hora de servir, acrescentei ao refogadinho umas folhas de ora-pro-nóbis. Não vamos perder uma chance dessas:
“Júpiter, agora atualizado das fofoca tudo (com detalhes) pela Lua que tudo vê da primeira esfera, orai por nós!”
Se tiver um traguinho pra brindar, melhor ainda!
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