Brotos de girassol salteados
Pêras inteiras
Couve flor assada
Azeitonas pretas temperadas na casa 12
Quiabo tostado
Purê de batata
Tarte tatin
Menu de Ano Novo
INGRESSO SOLAR EM ÁRIES
“Les betes dévorent
L'homme mange
Le philosophe gastronomise.” [1]
Mas, espera! “Nós viemos aqui pra beber ou pra conversar?”
Absolutamente as duas coisas!
Pra começo de conversa, o Sol nasceu exaltado! Puro ouro e potência, Sol na lã do carneiro alado. O carneiro tinha uma missão: pegar as crianças Hele e Frixo e levá-las para a Cólquida, então foi sacrificado, e pronto, missão dada é missão cumprida! Sem tempo nem pra parar e resgatar a pimpolha que caiu no mar. Começa assim a nossa história desse ano. O Sol na casa 1, a casa do corpo, seu dispositor, o guerreiro Marte, na casa 3 com a Lua, também corpo; ela cresce em luz, em vontade, passou pelos aspectos com os dois maléficos e agora corre para o grande, grande, imenso, enorme abraço unindo seu júbilo ao de Júpiter!
Diz-se jubilada porque está na casa 3 [2]. Cada planeta tem uma casa de alegria dentro do mapa. Pois Júpiter, dito o grande benéfico, tem seu júbilo na casa 11. A Lua jubilada encontra Júpiter jubilado num trígono em Ar e só pode ser um encontro de beber e conversar, e vale tudo, de fofoca a filosofia. Com comida!
Inclusive pode trazer todo o menu do início da lunação e servir como entradinha porque o apetite é grande! [3]
Apresento o muso deste menu-tradução. Na mitologia dodoística Júpiter é Alexandre Dumas. O pai, claro. Grande, fértil, estrondoso! [4] Sobretudo neste trígono entre as casas 11 e 3, sendo esta a casa dos escritos, das conversas, das relações entre próximos, com Marte, tornando a língua — ou a pena — como ferramenta de luta. Seus romances eram lançados na casa 3 em capítulos em folhetins semanais e não em uma grande edição. Daí os finais de capítulos que abrem o apetite do leitor, minhocas no anzol. O pescador é Mercúrio, regente da casa 3, que desde o início da lunação mudou de signo e hoje está em Peixes, encontrou ali a Vênus exaltada na casa 12, lembra dela?. Se antes você foi ao supermercado e voltou com Doritos, sorvete e mandiopan, agora você também para na banca e compra folhetins porque, claro, você foi fisgado.
Em 1846 Dumas construiu um château em cuja fachada, em alto relevo, colocou o retrato de vários escritores, e acima, nas torres, as iniciais de seu nome[5]. Disse que o intuito era ter um lugar de paz para escrever mas dizem que a generosidade e o amor às festas — “O mais feliz dos felizes é aquele que faz os outros felizes” — era tanta que ele fazia grandes jantares e deixava as portas abertas até para desconhecidos.
“Pantagruélico no que se referia à literatura, não menos o foi na vida. Grandalhão, de verve inesgotável, sucessivamente milionário e falido, adepto dos haréns, capaz de rasgos impetuosos e teatrais, o romancista não deixou de aplicar essa ânsia de viver ao universo da culinária. Porém, como era de seu feitio, não se contentou em ser um autodidata gastronômico na vida cotidiana e social, tendo logo projetado escrever um livro sobre o assunto. A princípio despretensioso, este logo se transformaria numa grande obra de referência, reunindo definições e receitas de todas as partes do mundo – tudo temperado, claro, com a efervescência e eloqüência do peculiar “dicionarista”. Vale dizer que esse tesouro da culinária é até hoje citado como autoridade ou fonte histórica nas obras dos experts.” [6]
Na benéfica casa 11, onde os banquetes acontecem, está Júpiter. Seu lugar à mesa não é a cabeceira, que é de Saturno, único senhor de Aquário, o que não importa, o jubilado é ele, come de tudo, fala aos borbotões. Alguns convidados falam ao mesmo tempo, alguns o ouvem atentamente:
“De resto, assim como há três tipos de apetite, há três tipos de gula.
Há a gula que os teólogos colocaram na fileira dos sete pecados capitais, a que Montaigne denominou a ciência da boca. É a gula de Trimálquio e de Vitélio. Ela tem um superlativo: a glutonaria.
O maior exemplo de glutonaria que a Antigüidade nos dá é o de Cronos devorando os filhos, temendo ser destronado por eles, e engolindo no lugar de Júpiter uma pedra embrulhada, sem perceber que era uma pedra. Nós o perdoamos, por ter fornecido a Verginaud esta bela comparação: “A Revolução é como Cronos: ela devora seus filhos.”
Ao lado dessa gula, que é a dos estômagos robustos, há a que poderíamos chamar de a gula dos espíritos delicados, cantada por Horácio e praticada por Lúculo: é a necessidade sentida por certos anfitriões de reunir em casa alguns amigos, nunca em número menor que as Graças, nunca em número maior que as Musas, amigos cujos gostos tentam satisfazer e cujas preocupações, distrair. É, entre os modernos, a de Grimod de la Reynière e Brillat-Savarin.
Assim como a outra gula tem um aumentativo, a glutonaria, esta tem outro derivado, a gastronomia.
Esse termo aplica-se igualmente às pessoas que gostam das coisas delicadas e rebuscadas e a essas próprias coisas.
O glutão exige quantidade; o gastrônomo, qualidade. Brillat-Savarin, o La Bruyère dessa segunda categoria de gulosos, disse: “O animal pasta, o homem come, só o homem de espírito sabe comer.” [7]
Banquete
Nenhuma das receitas é da autoria do Dumas porque são mesmo demais para nós pequenos mortais do século XXI que nem temos acesso a patas de urso por exemplo.
No nosso menu o grande imenso júbilo vai ficar é por conta do viço dos preparos, já que o Sol traz a primavera no corpo. Se quiser, rejubile-se também pela quantidade de comida na mesa: traga o menu do início da lunação todo como entrada, mantenha a coluna ereta e não se afobe. (colocar o conto da aposta)
O Sol Invictus bem no Ascendente já é broto de girassol. Feliz Ano Novo! Sem impulso colérico ninguém rompe a barreira da terra e coloca as folhinhas pra fora! Todos nós nascidos tivemos que ter essa coragem! O girassol então nasce e logo que deixar a cara no Sol, os braços abertos, confiante, o miolo com as sementes à mostra. A radiação do Sol possibilita a vida no nosso ambiente, a Lua a reflete. Os luminares felizes como estão, Sol forte angular exaltado, Lua jubilada, conjunta ao Lote da Fortuna, ao encontro do grande benéfico, ai como é bonito de ver. Vida, espontânea e mutável como sugerem os signos onde estão os luminares.[9]
Sugeri à Vênus em Peixes que o caviar vegetal poderia ser o quiabo e eis que é começada a época de quiabos! Glória! E quiabo também é faísca como Áries, pelo menos aqui onde moro são umas duas semanas por ano. De repente já era, só se encontra quiabo fibroso. O preparo também é fogo alto e simplicidade. Ao contrário do broto de girassol que é quase só passadinho, este vamos deixar tostar e adquirir o sabor do colérico queimado. Logo a própria Vênus estará em Áries e já entra bastante próxima do Sol, isso tosta um planeta.
Mas olha como é Áries, já estamos a dois passos de Vênus à frente! Volta aqui!
Não é à toa a distração, seu dispositor não está dos mais focados. Marte quando está em Gêmeos está peregrino, não tem dignidades como domicílio, exaltação, também não sofre exílio nem queda. Passarinho.
Ofereçamos a ele uma missão:
escudeiros-trinchantes. A arte do corte ocupava lugar importante na culinária do século XVII. Verdadeira esgrima de mesa, desdobrava-se num exercício de alto virtuosismo. Reservada aos homens da boa sociedade, tornou-se marca de “gente de qualidade”, pois saber trinchar dizia respeito em primeiro lugar à civilidade e ao requinte das boas maneiras. Os escudeiros-trinchantes [écuyers-trinchants] eram mestres de um ritual destinado a cortar carnes e peixes segundo as regras e, ao mesmo tempo, de uma arte que os levava a transformar as frutas, sob o garfo e a faca, em figuras inesperadas e espetaculares. [10]
Por isso a couve flor deve ser assada inteira e não de outra forma!
E, voltando aos quiabos, que não serão trinchados e suas ovas expostas, ao contrário, sugiro uma apresentação à moda do Antoine Carême, chef muito celebrado antes da revolução francesa e diversas vezes citado por Dumas.
Peça ajuda para Marte porque Mercúrio não está com ânimo para calcular estruturas arquitetônicas. Ele está mais para praticar a musicalidade dos sabores, combinações imprevistas. Por enquanto aprende com Vênus, logo nadará seus passos sozinho.
"Se ainda não o compreendemos totalmente, adivinhamo-lo. Fazemos como essas pessoas zelosas que mal sabem a língua de Homero e que, apenas pelo arrebatamento do ouvido, lêem para si próprios os mais belos versos da Ilíada. Divertem-se com o som, sonham o resto. À frente dos gastrônomos colocamos o senhor, se não por sua gourmandise ainda pouco esclarecida, pelo menos por sua vontade, seu zelo, sua honesta vontade de algum dia fazer, quando dispuser de tempo, notáveis progressos nessa grande ciência do bem-viver, que é, afinal de contas, a ciência galante de todos os homens distintos do universo." [11]
Mercúrio com Vênus trouxeram azeitonas pretas temperadas com uma pitada de cravo da índia, zimbro e pimenta caiena. Profundidade de sabores e também pela cor. O suposto preto das azeitonas em conserva é tão fugidio quanto elementos da casa 12, um preto que não é preto, não é marrom, nem tem a limpidez de uma coca-cola, é meio opaca, olho de peixe. Algumas puxam para um azulado, mais perto da berinjela. Deixe os caroços, a casa 12 tem seus ossos.
Para limpar o palato, pêras. Inteiras como vieram ao mundo. Quem for da corte come de garfo e faca, quem é da revolução usa as mãos e os dentes.
Para acomodar isso tudo e promover boas interações, purê de batatas.
A sobremesa, clássica como Saturno fixo, suculenta como Júpiter que aos poucos se afasta dele. Muito menos complicada do que costuma parecer.
Notas:
[1] ver nota 7
[2] tanto o mapa deste evento quanto no da lunação em que está inserido. Todos os eventos estão inseridos em um ciclo de lunação.
[3] pelo trígono com Júpiter e Lua-corpo jubilada e também pelo ascendente. planetas em Áries tremem de ansiedade e podem descontar na comida, principalmente com seu dispositor junto à Lua.
[4] o mapa natal de Dumas é o que segue. Agradeçamos aos franceses tão cuidadosos com as anotações dos dados de nascimento. O que apresento no texto-menu é uma associação ao mapa do nosso momento, uma ficção. Como vê, são mapas diferentes, ambos radiantes com um belo Sol no Ascendente.
[5] você pode ver neste vídeo
[6] biografia daqui
[7] in: DUMAS, Alexandre. Memórias gastronômicas de todos os tempos. RJ: Zahar. a primeira citação deste texto [nota 1] é a ultima frase desta citação [nota 7]
[8] Op. cit.
A aposta de Vieil-Castel
Alguns, porém, tinham inclinações para a gastronomia. Não eram trabalhadores; era gente da boemia, era Véron, era Nestor Roqueplan, era VIEIL-CASTEL, era Roger, era Romieu, era Rousseau. Só um deles era suficientemente rico ou ganhava o suficiente, o que significa praticamente a mesma coisa, para se tornar um belo “comedor de pedra velha”, isto é, gastrônomo; os outros ficaram no meio-termo. Não sendo suficientemente ricos para se dedicar à gastronomia, tornaram-se gourmets ou gourmands; finalmente, aqueles que ganhavam dinheiro esporadicamente, dependendo do sucesso de um vaudeville ou de uma série de artigos para o jornal, tornaram-se boêmios.
Véron vivia constantemente no Café de Paris, embora, à medida que sua fortuna foi aumentando, oferecesse grandes jantares em sua casa. Romieu, Vieil-Castel e Roger de Beauvoir comiam no bulevar, indiferentemente no Café Anglais, na Maison-d’Or, no Vachette, no Grignon etc.; os outros, onde podiam. Estes, por sinal, eram antes bebedores que comensais; seguiam antes a linha dos pinguços que a dos gourmands. Mas todos, convém dizer, eram espíritos encantadores, que engendraram a sociedade de 1830 a 1850. Toda Paris conheceu os homens que acabo de citar, e, uma vez conhecidos de toda Paris, foram conhecidos do mundo inteiro.
Pois bem, o hábito dos jantares e das ceias, o único de que sinto falta, estava de tal forma perdido entre nós que nunca esses homens de espírito tão elevado, tão encantador, tão cultivado tiveram a idéia de se reunir para um jantar, e não creio tenham estado juntos uma vez que fosse. Désaugiers, ao morrer, levara consigo para o túmulo a chave do último caveau.
Lembro-me, porém, de um episódio que prova que restavam entre nós dignos sucessores dos Grimods e Cussys. O visconde de Vieil-Castel, irmão do conde Horace de Vieil-Castel, um dos mais finos gourmets da França, lançou um dia, numa reunião metade de artistas, metade de gente da sociedade, o seguinte desafio:
— Um homem sozinho é capaz de comer um jantar de quinhentos francos.
Exclamaram:
— Impossível!
— Naturalmente, replicou o visconde, na palavra comer está subentendida a palavra beber.
— Caramba!, disseram os presentes.
— Pois bem! Estou dizendo que um homem, quando digo um homem não estou falando de um carroceiro, certo?, suponho um gourmet, um aluno de Montron ou de Courchamps – pois bem, digo que um gourmet, um aluno de Montron ou de Courchamps, é capaz de degustar um jantar de quinhentos francos.
— O senhor, por exemplo?
— Eu ou qualquer um.
— O senhor conseguiria?
— Perfeitamente.
— Tenho aqui os quinhentos francos, disse um dos presentes. Vejamos, vamos combinar as regras.
— Nada mais simples: eu jantarei no Café de Paris, escolherei eu mesmo o cardápio, e comerei um jantar de quinhentos francos.
— Sem deixar nada sob o prato ou sob o guardanapo?
— Deixarei apenas os ossos.
— Oh! É justo.
— E quando se dará a aposta?
— Amanhã, se for satisfatório para vocês.
— Então o senhor não vai almoçar, não é?, perguntou um dos presentes.
— Almoçarei como sempre.
— Combinado. Amanhã às sete horas, no Café de Paris.
No mesmo dia, o visconde foi jantar como de costume no restaurante da moda; em seguida, para não ser influenciado pelas caprichos do estômago, dedicou-se ao dever de elaborar seu cardápio do dia seguinte.
Mandaram chamar o maître. Era pleno inverno: o visconde escolheu muitas frutas e produtos frescos. As caçadas estavam suspensas: ele quis caça. O maître pediu oito dias. O jantar foi adiado para dali a oito dias. À direita e à esquerda da mesa do visconde deviam jantar os jurados. Ele teria duas horas para jantar: de 7 às 9. Podia, ao seu bel-prazer, falar ou não falar. Na hora marcada, cumprimentou os jurados e pôs-se à mesa.
O cardápio era um mistério para os adversários, que iriam ter o prazer da surpresa. O visconde sentou-se. Trouxeram-lhe doze dúzias de ostras de Ostende, com uma meia-garrafa de Johannisberg. Estava com apetite: pediu outras doze dúzias e outra meia-garrafa do mesmo vinho.
Depois veio uma sopa de ninhos de andorinhas, que o visconde derramou numa tigela e bebeu como um caldo.
— Puxa, cavalheiros, disse ele, sinto-me em forma hoje e gostaria de realizar uma fantasia.
— Pode dizer, o senhor é quem manda!
— Adoro bisteca com maçãs.
— Cavalheiros, nada de conselhos, por favor, disse uma voz.
— Bah! Garçom, disse o visconde, uma bisteca com maçãs.
O garçom, espantado, olhou para o visconde.
— E então, disse este, não ouviu?
— Perfeitamente, mas achava que o senhor visconde havia predeterminado seu cardápio.
— É verdade, mas é um extra que me proporciono; vou pagar à parte.
Os juízes entreolharam-se. Trouxeram a bisteca, que o visconde devorou até o último fiapo.
— Vejamos! Agora, o peixe!
Trouxeram o peixe.
— Senhores, disse o visconde, trata-se de um ferra do lago de Genebra. Embora esse peixe só viva lá, é possível comprá-lo. Ofereceram-me esta manhã enquanto eu almoçava. Ainda estava vivo, tendo sido transportado de Genebra para Paris na água do lago. Recomendo o ferra, é um manjar delicioso.
Cinco minutos depois, não havia mais no prato senão as espinhas do ferra.
— O faisão, garçom!, disse o visconde.
Trouxeram um faisão trufado.
— Uma segunda garrafa de bordeaux, mesma safra.
Trouxeram a segunda garrafa. O faisão foi despachado em dez minutos.
— Cavalheiro, disse o garçom, creio que errou ao pedir o faisão trufado em lugar do guisado de hortulanas.
— Ah, por Deus, é verdade! Felizmente, não está dito em que ordem as hortulanas serão comidas, caso contrário eu teria perdido a aposta. O guisado de hortulanas, garçom!
Trouxeram o guisado. Havia dez hortulanas, e Vieil-Castel deu dez garfadas.
— Cavalheiros, disse o visconde, meu cardápio é bem simples. Agora, aspargos, petit-pois, um abacaxi e morangos. No vinho: uma meia-garrafa de Constance, uma meia-garrafa de xerez. Depois café e, naturalmente, licores.
Cada coisa chegou a seu tempo: legumes e frutas, tudo foi comido conscienciosamente; vinhos e licores, tudo foi bebido até a última gota. O visconde levara uma hora e quatorze minutos para jantar.
— Cavalheiros, disse ele, as coisas se passaram lealmente? Os jurados atestaram.
— Garçom, a carta!
Ainda não se dizia “conta” naquela época. O visconde passou os olhos sobre o total, e entregou a carta aos jurados. Ei-la:
Ostras de Ostende, 24 dúzias 30 fr
Sopa de ninhos de andorinhas 150 fr
Bisteca com maçãs 2 fr
Ferra do lago de Genebra 40 fr
Faisão trufado 40 fr
Guisado de hortulanas 50 fr
Aspargos 15 fr
Petit-pois 12 fr
Abacaxi 24 fr
Morangos 20 fr
Vinhos Johannisberg, uma garrafa 24 fr
Bordeaux, grands crus, duas garrafas 50 fr
Constance, meia-garrafa 40 fr
Xerez, meia-garrafa 50 fr
Café, licores 1,50 fr.
Total 548 fr 50
Verificou-se a conta. Estava certa.
Levaram-na ao desafiante do visconde, que jantava no gabinete dos fundos e apareceu ao cabo de cinco minutos, cumprimentou o adversário, tirou do bolso seis notas de mil francos e lhas apresentou. Era o montante da aposta.
— Ora, senhor, disse o visconde, não havia pressa; talvez, aliás, queira uma revanche.
— O senhor me daria?
— Certamente.
— Quando?
— Imediatamente.
[9] texto de Maíra Fernandes, em Sol Invictus Astrologia
[10] Op. cit.
[11] Op. cit.
Menu ingresso Solar em Áries
Brotos de girassol salteados
Pêras inteiras
Couve flor assada
Azeitonas pretas temperadas na casa 12
Quiabo tostado
Purê de batata
Tarte tatin
Receitas
cS = colher de sopa
cc = colher de chá
Como cultivar o broto de girassol
Lave um punhado de sementes de girassol (as sementes com casca) e deixe de molho durante a noite. Depende do tamanho do vaso que você tiver, mas rende bastante.
Na manhã seguinte escorra e deixe em uma peneira. Passe uma água umas duas vezes no dia, para lavar.
No outro dia você já vai ver um narizinho saindo das conchas. É hora de colocar na terra. Coloque em uma só camada sem amontoar sementes, cubra com um pouquinho de terra (a camada de terra deve ter no máximo a mesma espessura da semente) e mantenha úmida (de preferência com um borrifador porque qualquer volume de água será um tsunami para as pequeninas).
Deixe no quintal. Notei que no quintal, mesmo nos dias de frio intenso elas ficaram bem mais fortes do que dentro de casa.
Depende do clima, da luz, mas em uns 5 dias você terá brotos fortes e tenros para a colheita.
Um vídeo rápido aqui e abaixo um exemplo; é muito simples.
Broto de girassol salteado
Nada mais simples. Tenha os brotos limpos e secos.
Aqueça uma frigideira, então aqueça um fio azeite de oliva com manteiga (tenho gostado muito da Qualicoco); verifique se o fogo está médio ou alto, coloque os brotos e mexa. Não coloque sal no começo senão ele solta água muito cedo. Isso leva em torno de um minuto. Então sim, apague o fogo e salgue e tempere com um tico de pimenta do reino preta.
Obs:
Uma vez minha colheita de brotinhos foi bem pequena, por causa do frio, então resolvi fazer com acelga (de preferência a ponta da folha, mais fininha), dessa mesma maneira, e combinou muito bem — a acelga até mimetizou o sabor dele. No dia em que você também estiver só com uns fiapinhos de broto, essa é uma mágica de multiplicação que funcionou por aqui.
Azeitonas pretas temperadas na casa 12
100g de azeitonas pretas em conserva
3 bagas de zimbro
cravo da índia
pimenta caiena ou outra pimenta quente e forte.
De preferência prepare com antecedência. Se a azeitona vem num saquinho, coloque em um vidro, com o líquido.
Tempere com duas pitadas de cravo da índia em pó, 3 bagas de zimbro batidas no pilão ou na faca e mais duas pitadas de pimenta caiena. Misture bem.
Couve flor assada
Já que estamos com Dumas, não economizemos manteiga — vegana. Como dizem, os principais elementos da cozinha francesa são: manteiga, manteiga e manteiga.
1 couve flor bem fechadinha
100g manteiga
manjerona ou tomilho fresco
páprica defumada
limão siciliano ou tahiti
Tire as folhas e faça um corte na base da couve flor, de modo que ela fique bem apoiada na assadeira.
Tempere a couve flor com sal, pimenta do reino e besunte com azeite. Leve ao forno alto até que ela fique al dente. Isso depende do tamanho da sua couve flor mas uma pequena vai ficar no forno aproximadamente meia hora. Cuide para não deixar passar, se ficar mole a cabeça pode se desfazer ao ser manuseada.
[aproveite o forno aquecido e coloque alguns dentes de alho inteiros para perfumar o purê de batata e, se necessário, as amêndoas - cuidado com o forno alto, fica de olho]
Coloque a couve flor inteira em uma frigideira larga (um tanto mais larga do que a própria couve flor), derreta ali um terço da manteiga, um fio de azeite. Coloque também ervas frescas. Nem todas as ervas frescas aguentam bem o calor, além disso, alecrim poderia brigar com o zimbro da azeitona, então não use. Eu coloquei manjerona e ficou muito bom no conjunto da refeição. Se você tiver tomilho recomendo também uns galhinhos. Procure deixar esses temperos sobre a couve flor para que não queimem grudadinhos na parede da frigideira.
Com a manteiga já derretida, incline a frigideira e com cuidado (e de preferência com uma colher com cabo de material não condutor de calor) vá regando a couve flor com essa gordura derretida. Quando terminar, adicione mais um terço da manteiga e repita. Na última, salpique a couve flor com páprica defumada.
Na hora de servir, salpique também raspas de limão.
Quiabo tostado
Pega carona na mesma frigideira da couve flor se não tiver resíduo queimado. Acomode ali os quiabos inteiros e bem secos, em fogo médio/alto. No intervalo de alguns minutos sacuda a frigideira para que os quiabos girem um pouquinho.
A intenção é deixá-los ainda firmes e tenros, mas com a casquinha bem marcada tostadinha.
Só depois de finalizado o cozimento (com a baba já cozida e controlada) você descarta as pontas. Salgue e sirva.
Se algum estiver fibroso, sirva apenas as sementes, caviar da Vênus exaltada.
Purê de batata
300g de batatas por pessoa. Prefira batatas pequenas
manteiga
alho assado
noz moscada
amêndoas
Coloque as batatas inteiras e com casca para cozinhar. Comece com as batatas imersas em água fria.
Quando estiverem macias, escorra. Se necessário deixe esfriar um pouco mas que ainda estejam aquecidas para que fiquem bem homogêneas quando amassadas. Pois, descasque e amasse. Amasse também os dentes de alho. Tempere com manteiga, sal e uma pitada de noz moscada.
Salpique com as amêndoas torradas picadas grosseiramente.
Tarte tatin
daqui
800g de maçãs
100g açúcar
20g óleo de coco ou manteiga
2 cS rum
massa:
140g farinha de trigo
30g polvilho doce
50g xarope (por exemplo agave, melado (se muito grosso dilua um tico))
50g óleo
forma de 18cm de diâmetro de fundo removível
Descasque as maçãs, retire o eixo central com as sementes e corte a polpa em 4.
Em uma frigideira ou panela bem aberta, derreta o óleo com o açúcar e um pouco de água e leve ao fogo para incorporar tudo. Coloque ali as maçãs e, com cuidado para manter os pedaços inteiros, mexa para que todos fiquem bem besuntados com a calda. A maçã também solta água, não se assuste. Mantenha no fogo e mexendo delicadamente para não pegar. Adicione também rum ou a bebida que você queira. Quando a calda estiver grossinha, acomode as maçãs em uma forma untada. Coloque a parte redonda da polpa para baixo. Coloque ali também a calda gelatinosa (a gelatina é formada com pela pectina da própria maçã).
Coloque em uma tigela a farinha de trigo, o polvilho, o óleo e o xarope. Misture bem até obter uma bola de massa. Abra e acomode-a sobre as maçãs. Faça alguns furinhos para que o vapor escape e leve ao forno aquecido a 210°C.
Atenção, essa é a temperatura dos primeiros 15 minutos. Então diminua a temperatura para 180°C e deixe mais 15 minutos.
Deixe esfriar e desenforme.
[texto enviado na data da lunação para apoiadores, publicado aqui em 28/02/25]
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