13 janeiro 2021

Menu-lunação: CAPRICÓRNIO

Broa de milho

Couve com azeitonas pretas

Abóbora ao tomilho com pepino e cebolinha

Picles

Tomate gratinado

Arroz doce



        Mais uma vez voltaremos ao passado ibérico.

        Desconfiei que a repetição ficaria maçante e até que eu resisti. Acontece que sou devota de Mercúrio, e se ele coloca um texto bem na minha cara, eu resisto mas não muito. E se ele coloca mais dois textos que complementam esse primeiro, só sigo o caminho indicado.

        Mais uma vez voltaremos ao passado ibérico.

        Foi assim. Comecei a ler a História da Alimentação no Brasil e deu vontade de espiar o que tinha pra frente. Logo na lunação de Capricórnio chega a ser um impropério falar em “pular passos” já que cada passo da cabra é gravíssimo, decisivo. Mas o tempo dos prazos também existe e nos devora e as musas, Mercúrio, dão um empurrãozinho pra gente tropeçar na pedra certa em tempo.

        Mais um motivo: Mercúrio está enxergando muito bem! Está em Aquário.

        Signo no elemento Ar, quente e úmido, onde Mercúrio tem dignidade.

        Aquário tem alturas!




        Seu mito traz a história do pastor Ganimedes 

O seu rebanho a guardar, 
Desde que rompia o dia 
Até a noite fechar. [1]


        Ele foi percebido e cobiçado por Júpiter, que se transformou em uma águia e o raptou. Não trago à toa essa cena de arrebatamento(s). O ciclo lunar que começa hoje acontece dentro de um ciclo maior, iniciado no dia 21 de dezembro, quando Júpiter e Saturno se encontraram no grau em que está a estrela Altair, a que traz a imagem da Águia.

        Ganimedes então foi instalado no Olimpo, onde se tornou amante de Júpiter e copeiro dos deuses, servindo a ambrosia, símbolo de conhecimento. O pastor agora copeiro vê lá de cima a humanidade, e deixa cair alguma ambrosia para nós.

        Portanto quando transita por Aquário, os planetas vestem essa história. Mercúrio, que já é o mensageiro, o psicopompo, ganha distância e visão, portanto pode passar as mensagens com muito mais contexto e precisão. Além disso, ele fez aspectos recentes com todos os planetas, carregando recados de uns para outros. Se a casa Três — onde ocorre a lunação — é a casa das fofocas, não tem absolutamente nenhuma que Mercúrio não saiba!

        Foi nessa situação que ele me contou do João Semana, personagem do livro As pupilas do senhor reitor, de Julio Dinis.


        “... pergunta se a mulher pode servir-se de sardinha assada.

        — Pode, mas de caminho avise o padre que a venha sacramentar...”


        O senso de humor saturnino inconfundível.[2] Saturno fica muito bem em Capricórnio mas no quesito humor ficamos muito mais arejados desde sua entrada em Aquário não é, doutor? [3]

        Por outro lado, Aquário é um signo fixo, morada de Saturno. Saturno rege o signo de Capricórnio e a lunação mas não só isso: em todo esse Céu, a última palavra é dele!

        No mapa da lunação abre a casa Quatro, uma casa angular, ou seja, uma das quatro casas que dão a sustentação deste Céu. É a casa que fala da origem, e do fim, fala da família e da terra. Portanto, a gente não se surpreende com o patriotismo do nosso Saturno: “A cozinha de João Semana era de um caráter portuguesíssimo” escreveu Câmara Cascudo.

        Continua: “As combinações extravagantes das cozinhas estrangeiras — os galicismos culinários, por exemplo — repugnavam-lhe tanto ao estômago, como aos ouvidos mais pechosamente sensíveis dos nossos severos puritanos, a outra qualidade de galicismos.”[4]

        Sobre o uso de galicismos e nomes pomposos, teve com Mercúrio quando se encontraram, e, pelo menos enquanto este transita por território saturnino, a nomenclatura descritiva é a que vale. E a Tradição! [5]

        Porém, caro João Semana, a tradição é feita de tantas coisas. Onde elas têm início?

        — Na casa Quatro, pois.

        Uma belíssima resposta sem dúvida. E esta abóbora que levas, como chegou ao Portugal senão trazida da casa Nove, pela própria Lua, durante as grandes navegações? Da África a abóbora chegou às mãos das cozinheiras portuguesas que a consideraram — ou não (como aconteceu com os tomates) — interessante, experimentaram, trocaram impressões através da casa Três: pela janela, por cima do muro, pelas ruas, durante os trabalhos em conjunto, como quando iam a lavar roupa ao ribeiro.

        Quantas foram as trocas venusianas trocadas nessas conversas!

        Não é casa Três gostosinha, a da Lunação. A sequeira é muita, a labuta é constante, a terra nem sempre ajuda. Depois de colher é preciso tratar de preparar a conservação (descascar e secar milho, fazer conservas de vegetais mais suculentos).

        Marte, por trígono dos luminares e Vênus, ajuda com sua constância e força taurinas.

        “Humilde. Ostinado. Paciente. Patiens, quia aeternus...”

        Marte está na casa de relações (casa Sete) em um signo da Vênus; Vênus está num signo que exalta Marte. A própria amizade entre eles abre a possibilidade de prazer na rotina do trabalho, o gosto de estar com quem está do seu lado, ceifando no mesmo ritmo, conversando durante o trabalho. Podemos ver essa possibilidade esgarçada nesta cena do filme As pupilas do senhor reitor de 1939 (e a gente vê aqui a origem de uma das nossas festas preferidas).


Temperamentos


        Ao associar alimentação e Astrologia, a gente ganha um chão sólido se considera os Temperamentos dos corpos e do Céu.

        A Luisa Nucada [6] explicou os Temperamentos da maneira mais arejada jamais vista e me autorizou a dividir o texto aqui.

        Aproveito para dar como exemplo do que é a conversa de casa Três, que romanticamente a gente trata como conversa por cima do muro, pela janela. Hoje a janela é a do computador, convenhamos. Encontrei o texto da Luisa em um site, que é um veículo de casa Três, tal qual as revistas ou os folhetins de outrora. O livro de Julio Dinis foi lançado assim. Semanalmente era publicado um capítulo. Até por isso ele tem esse ar caprino: cada capítulo é um passo importante e deve ser certeiro para que o leitor queira acompanhar o passo seguinte na próxima semana. O livro virou novela pelo menos duas vezes no Brasil, também veículo de casa Três.

        Entrei em contato com a Luisa por celular, em mensagem de casa Três. Vê, a Três trata do contato mais cotidiano, independente se no ano 1863 ou 2021.

        Pois, pega um copo de água da moringa do conhecimento e fica com o texto:


Os quatro temperamentos na Astrologia


        “Dos elementos Ar, Fogo, Terra e Água com certeza você já ouviu falar. Mas conhece os quatro temperamentos correspondentes? Sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático, respectivamente, são classificações do humor na tradição astrológica, e bases da medicina antiga, usadas por nomes como Hipócrates e Galeno. Atualmente, outros profissionais, além dos astrólogos, utilizam essas categorias, como os visagistas, aqueles consultores que recomendam corte de cabelo, cores e estilo de roupa mais consonantes ao cliente.

        Para entender os temperamentos, basta fazer um exercício de observação dos fenômenos físicos. Sabe aquele nervosismo que dá em dia de calor? A quentura sobe pra cabeça e a gente fica irritado, mais impulsivo, o pavio encurta. Efeito pé descalço em asfalto quente, não dá pra ficar parado. Aí vem o frio e a cuca esfria, as reações ficam mais lentas, a gente contrai, se encolhe embaixo do cobertor.

        Quente e frio são as naturezas primitivas ativas. Delas derivam-se as naturezas primitivas passivas: úmido e seco. O calor extrai a umidade, a roupa seca rápido no varal. Já o frio condensa, o tecido custa a secar, difícil saber se está molhado ou só gelado. A secura surge do calor, e a umidade, do frio. Quentura no verão, frieza no inverno.

Mas tem também as estações intermediárias, mais temperadas. Calor com umidade é igual à primavera, clima gostosinho, flores, passarinhos, passeios no parque. Frio com secura é igual ao outono, temperatura mais baixa, folhas secas caindo no quintal, humor em tons terrosos, mais sérios.

        As naturezas primitivas frio, quente, seco e úmido se combinam e formam os quatro temperamentos, que se manifestam não só na personalidade, mas também no corpo e na saúde. Confira as combinações e características de cada um.
 

Sanguíneo: quente e úmido

        Leve como o Ar. Humor que levita, atenção também. O Ar desconcentra, espalha, dispersa. Humor borboleta ou beija-flor, primaveril. Pessoas divertidas, festivas, que gostam de circulação – de gente, de ideias, bate-papo, feira, aglomeração. É um temperamento mental, então precisa de constantes estímulos intelectuais para saciar sua curiosidade. Pode faltar persistência, aquele foco necessário para atividades mais trabalhosas. Ar demais no corpo pode dar em refluxo, gases ou tagarelice mental –overdose de pensamentos. É associado aos signos de Ar: Gêmeos, Libra e Aquário.


Colérico: quente e seco

        Ardente como o Fogo. Impulsivos, cheios de energia, vitalidade lá em cima. Dados à competição, facilmente saem na liderança e têm talento para delegar. Tendem à agressividade e podem ser impositivos, como o sol abrasador do verão. Se em desequilíbrio, o excesso de calor pode dar em febre e inflamações pelo corpo. Esportes e lutas podem acentuar a cólera, então quem é raivoso deve maneirar nessas atividades físicas. Cultivar a paciência, a sensibilidade na hora de se comunicar com o
outro e conter a pressa são boas pedidas. É associado aos signos de Fogo: Áries, Leão e Sagitário.


Melancólico: frio e seco


        Estável como a Terra. O outono chega para avisar que todo carnaval tem seu fim. O pessimismo, que na verdade é um senso muito apurado de realidade, é a consciência de que tempos de vacas magras existem, por isso é preciso saber poupar, planejar, agir com racionalidade. Antes de sair fazendo, raciocinam: essa ação é adequada? Melancólicos têm pé no chão e abordagem prática. Concretos, ligados à materialidade e com certa obsessão por controle, contam com concentração para dedicar-se a atividades demoradas, e tendem a reflexões profundas. A secura pode aparecer na personalidade como sarcasmo, e no corpo, como lábios rachados e pele ressecada. É associado aos signos de Terra: Touro, Virgem, Capricórnio.


Fleumático: frio e úmido

        Sensível como a Água. Que responde ao ambiente externo: derrama, se agita, evapora ou congela, a depender do estímulo. Por serem tão capazes de sentir, os fleumáticos são intuitivos e empáticos, colocam-se no lugar do outro e sentem as dores alheias. Assim como a cachoeira nos limpa e reenergiza, e o mar abraça nosso corpo ao nele adentrarmos, os fleumáticos são bons em acolher, escutar desabafos e consolar. Se desequilibrados, podem ter problemas como retenção de líquido, inchaço, muco nas vias respiratórias e doenças “invernais”, pelo excesso de água e frio no corpo.”




        Então você vê no mapa Lua e Vênus, fleumáticas, num signo seco como Capricórnio.

        Ui.

        Mas não desanime, a Lua, que nos nutre, está desconfortável porém jubilada (dignidade acidental que ganha quando está na casa Três); Vênus, a fleumática que fala do gostar, quando está em signo de terra também é penalizada com a secura mas ganha dignidade.

        Vênus em signo de Saturno não se intimida com escassez, e ela olha com interessepara a limentos estranhos, exilados de seus países de origem. A Lua acolhe esses vegetais e abre as portas para que eles convivam com as comidas que já estão na memória afetiva das pessoas, e garante pelo uso a continuidade. Batata, milho, berinjela, amendoim, abóbora, tomate, pimentão, nada disso era tradicional da Europa até poucos séculos atrás e hoje a gente não consegue imaginar as cozinhas típicas europeias sem eles.

        A casa Quatro, que abre em Aquário, como disse, é a casa das origens, e também dos fins: as novidades trazidas por uma Lua casca grossa, regente jubilada da casa Nove, casa das grandes navegações, são tornadas familiares na casa Três num signo cardinal e terminam incorporadas pela tradição na Quatro em Aquário.

        “As cozinhas portuguesas — porque nesta terra se praticam tantas cozinhas diferentes quantas possamos imaginar — são uma gigantesca ponte que se estende entre a Europa, a África e a América. 

        A cozinha portuguesa torna-se grandiosa percorrendo um curioso labirinto que vai desde deliciosas demonstrações de criatividade culinária, nascida nos fogões mais humildes, até o delicado e sofisticado receituário dos palácios e da cozinha da nobreza. (...) O gosto pelo cravo, a insistente presença do picante, por vezes, insistente até demais, o piripiri ou a pimenta-malagueta impregnam as receitas com um sublime ar de mestiçagem, mas o fazem de forma contida e, sobretudo, muito natural. Sem o menor espanto. Estamos diante de uma cozinha que sempre procurou viver em terrenos onde sabe se deslocar com desenvoltura, entre as sopas mais elementares, os ensopados mais simples ou utilizando os produtos mais populares. Todavia, isso foi há muito tempo. Atualmente as velhas pedras sobre as quais se assentava essa cozinha se converteram em autênticos tesouros, peças valiosas de uma gastronomia exuberante.”[7]



Notas:


[1] DINIS, Julio. As pupilas do senhor reitor. SP: Ática. 1987

[2] mais uma do João Semana:

“— Havia lá no convento - principiou João Semana - uma pintura muito grande representando a ceia de Cristo; e era pintura a que mais atraía as meditações piedosas do tal reverendo, o qual, de olhos fitos naquele quadro, passava horas e horas esquecido de tudo o mais. Outro frade, que tinha notado isto, não pôde ter mão em si que lhe não perguntasse com aquela voz de lamúria de franciscano manhoso: "Em que pensais vós, irmão, quando com tanta atenção olhais para este quadro?" "Nos tormentos que por nós padeceu o Salvador" - respondeu o tal. "E longos foram na verdade!" - continuou o primeiro. "Mas por que esta pintura mais do que as outras, vos traz tão santas idéias? Não tendes na sacristia a do Descimento da Cruz e aquela do Senhor preso à coluna?" "É verdade, irmão! - diz-lhe então o franciscano com cara de mortificação - "é verdade, mas olhai que não menor tormento era este de ter doze pessoas à mesa, e tão pouco de comer em cima dela".

[3] A associação de Saturno com João Semana foi imediata também por causa do nome. Saturno é o planeta mais longe de nós, de acordo com a tradição caldaica geocêntrica considerada pela Astrologia. É como se ele abarcasse todos. Assim como a palavra semana contém em si os sete dias com nomes dos planetas.

[4] CASCUDO, Câmara. História da Alimentação no Brasil, vol I. SP: Companhia Editora Nacional, 1967 (favor desconsiderar anotação no texto, onde escrevi Companhia das Letras por distração.

[5] de @insonez


[6] Luisa Nucada escreve horóscopos diários como @nux.astrologia no Instagram, onde também estão disponíveis os links para outros textos mais teóricos como esse.

[7] MEDINA, Ignacio. Portugal. Cozinha de país a país. SP: Editora Moderna Ltda, 2006


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Broa de milho

Couve com azeitonas pretas

Abóbora ao tomilho com pepino e cebolinha

Picles

Tomate gratinado

Arroz doce


        A gente lê broa de milho e pensa naquela nossa broinha de padaria, que é docinha e quebradiça, mas não. Esqueça tudo que você sabe sobre broas de milho. Na broa portuguesa as farinhas (de milho e de trigo) são escaldadas logo no começo do preparo, então elas já ficam pré-cozidas. Pensa num Saturno-capricórnio-fubá — o milho bem seco e moído, leve, bom pra viagem — que entra em Aquário e ganha um bafo bem molhado e úmido. O resultado é ótimo! Um pão bem mais denso e ainda super cascudo. Saturno fica bem em Aquário. E como no mapa da lunação, é ele que vai sustentar o conjunto. Não se preocupe se ele ficar parecendo um sapo. O meu mais bonito até agora, ficou. Mas é delicioso! E é surpreendente. 

        Aliás, em geral este menu nos coloca nesse lugar de perceber mudanças. Não só os ingredientes mas também alguns preparos são comuns a nós no Brasil, mas são diferentes. A broa, claro. O arroz doce também é igual porém diferente. O tomate também me causou uma estranheza boa. A delicadeza da abóbora também renovou o olhar sobre ela. 

        Saturno está em Aquário e rege Capricórnio, signo em que a lunação acontece. Então vamos manter alguns ingredientes em ambiente quente e úmido (a abóbora é cozida no vapor, o tomate vai para o forno mas ele mantém bastante da sua própria água) e então resfriá-los em ambiente frio e seco de Capricórnio: a geladeira. Mesmo o picles, que já está lá, também passou por um processo de aquecimento anterior. 

        A couve continua quente e úmida, como Júpiter e Mercúrio sanguíneos em signo de Ar. Mercúrio mimetiza o temperamento do planeta que está pertinho dele.


Broa de milho

3 xíc farinha de trigo (375g) + 2cS

2 xíc de farinha de milho bijú

1cc sal

2 cS azeite de oliva

2 cS açúcar + 1cc

1 ½ cc fermento biológico seco

fubá para finalizar (na falta, farinha de trigo)


Misture em uma tigela grande:

3 xíc farinha de trigo, a farinha de milho bijú, o sal, o azeite de oliva, 2cS açúcar.

Escalde isso tudo com 3 xícaras de água fervendo (o vídeo instrui a deixar a água ferver e aguardar 10 minutos)

Com uma colher de pau, ou similar, mexa tudo muito bem. Quando estiver tudo úmido e incorporado, cubra e deixe esfriar um tanto, para não queimar nem as mãos nem o fermento.


Então prepare o fermento: misture-o com 2cS farinha de trigo, 1cc de açúcar e 1/3 xícara de água morninha. Se necessário acrescente aos poucos até obter um creme fino. Mexa bem e espere uns minutos para ativar o fermento.

Unte a base de uma forma.

Adicione essa esponja à massa e misture bem.

Polvilhe com bastante fubá e manipule a massa com as mãos de modo a obter uma bola. A massa é meio molenga, o fubá deve evitar que grude nas mãos.

Coloque na forma untada para que ela descanse e comece a crescer. Não deixe-a no frio nem no vento.

Aqueça o forno a 200°C.

Depois de uns 15 minutos a massa já deve estar um pouco crescida e com a superfície apresentando rachaduras. Se não estiver espere mais um pouco.

Asse por uma hora.

Espere esfriar antes de cortar ou a massa que já é úmida parecerá um bolo batumado.



Salada de pêra com agrião

“— Excelente fruta! — disse João Semana, ao comer a duodécima. — tinha razão aquêle frade, que do púlpito dizia; — ‘Ó meus amados ouvintes, que miserável é a condição humana! Vêde como desgraça do mundo veio de uma má tentação! Eva perdeu-nos por uma maçã! Se ao menos fôsse por uma pêra, meus fiéis ouvintes, ainda se poderia desculpar, mas por uma maçã!”


1 limão

1 pera

Folhas de agrião



Abóbora ao tomilho com pepino, cebolinha e espinafre

400g de polpa de abóbora

2  cebolinhas com bulbo

2 pepinos

6 ramos de tomilho

6 cS de azeite de oliva

Pimenta do reino

Corte a polpa de abóbora em cubos de tamanho regular e cozinhe-os ao vapor por 15 minutos, escorrendo-os quando estiverem macios, mas não desmanchando.

Limpe as cebolinhas e corte-as em fatias finas. Lave e seque com delicadeza os ramos de tomilho. Ponha a abóbora numa vasilha, acrescente as cebolinhas e as folhas de tomilho e tempere com 4cS de azeite, uma pitada de sal e uma de pimenta, moída na hora. Misture delicadamente e deixe pegar sabor por meia hora.

Lave e escorra o espinafre e reserve-o. Corte os pepinos em rodelas finas.


Couve com azeitonas pretas 

1 kg de couve

4 cS azeite de oliva

2 dentes de alho descascados e picados

¾ xíc azeitonas pretas picadas grosseiramente

Sal

Limão


Tomate gratinado

6 tomates grandes e firmes

3 cS azeite de oliva

1cS coentro em pó

2 cS alcaparras

Sal grosso bem quebradinho 

pimenta do reino

¼ xíc farinha de rosca


Unte uma forma com 1cS de azeite.

Retire o miolo dos tomates e corte-os transversalmente em fatias grossas.  Espalhe metade das fatias no fundo da forma. Salpique com coentro em pó, sal e pimenta do reino. Disponha os tomates restantes por cima. Cubra com farinha de rosca. Tempere com sal e pimenta do reino e regue com azeite. 

Asse em forno preaquecido a 230°C por 20 minutos ou até que a farinha fique dourado escura.

Deixe esfriar completamente. Sirva gelado ou à temperatura ambiente.


Arroz doce

1 xíc arroz branco

1 pau de canela

1 un limão siciliano 

2 xic aveia

Cúrcuma

400 ml leite de coco

1 xíc açúcar


Prepare o leite de aveia: deixe repousar no copo do liquidificador 2 xíc de aveia com 3 xícaras de água para hidratar a aveia.

Enquanto isso, leve a uma panela o arroz com 2 xíc água fria, o pau de canela, 2 tiras da casca de limão siciliano (não encontrei por aqui então usei uma de limão tahiti e uma de laranja e ficou diferente, mas bom), uma pitada de sal e acenda o fogo. Quando começar a ferver, abaixe o fogo e deixe a panela semi-tampada.

Liquidifique e coe o leite. Separe 500ml. Guarde o resíduo para utilizar em outra receita.

Quando o arroz estiver cozido adicione o leite de coco, o leite de aveia, o açúcar e a cúrcuma. Mexa bem. O leite de aveia tende a engrossar então fique de olho.

Quando ferver coloque em um recipiente e cubra com um plástico diretamente na superfície do doce, para que não resseque. 

Sirva com canela, quente ou gelado.


Os portugueses engrossam o leite com gemas de ovos e seu arroz doce resulta amarelinho; esse é o motivo da adição de cúrcuma. Nesta receita que me guiou o amido de milho dá a cremosidade, que no nosso preparo é garantida pela aveia e sua gominha.

O uso abundante de gemas de ovos na doçaria portuguesa também pode ser visto no trígono entre Vênus e Marte, em que um está na casa do outro: as claras são usadas no trabalho, no processo de engomar as roupas. Com as gemas que sobravam (Capricórnio não desperdiça) desenvolveu-se a doçaria que conhecemos.





LISTA DE COMPRAS


Feira:

Limão - 2un

Abóbora - 300g de polpa

Cebolinhas com bulbo - 2un

Pepino - 1un

Tomilho fresco - 6 ramos

Couve - 3 folhas

Alho - 1 dente

Tomates - 4un grandes e firmes

Limão siciliano ou laranja - 1un


Secos e molhados:

Farinha de trigo - 400g

Farinha de milho bijú -

Fermento biológico seco - 5g

Açúcar - 200g

Leite de coco - 400ml

Azeite de oliva extravirgem

Azeitonas pretas

Picles

Arroz branco - 200g

Aveia - 160g

Pau de canela - 1 un

Cúrcuma

Sal

Pimenta do reino preta

Coentro em pó - 1cc


[texto enviado na data para apoiadores, publicado aqui em 08/12/24]





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