As combinações do couscous marroquino não têm limites. A partir da hidratação da sêmola de trigo o preparo não tem regras e ele se dá bem com todos os outros ingredientes; além disso permite a troca de sabores e texturas de tudo que vai ali, por ser neutro e agradável.
Nosso preparo sanguíneo tem um ar quente da Turquia porque foi no documentário sobre um cozinheiro de lá que vi pela primeira vez o costume de dizer eline sağlık, abençoando as mãos de quem cozinha. E aqui entre nós quem abençoa é Júpiter.
Deixei cortadinhas as frutas secas e as amêndoas torradas. Deixei também preparado um caldo com talos de salsinha, louro e uma salsa de sabor semelhante ao do salsão. Uma colega me apresentou essa salsa, disse que se chama salsa-knorr, porque o sabor é complexo e supostamente lembra o tempero pronto completo. Em comida a gente tem muito contato com os dialetos, o que é sempre muito interessante e muitas vezes engraçado, mas por outro lado, como saberei o nome da tal salsa? Numa situação sanguínea dessa provavelmente não saberei, é um temperamento que não aprofunda as questões.
Enquanto a sêmola hidratava no caldo, salteei cubinhos de berinjela. Saltear é a cocção em fogo e ar. Um fio de azeite, sim, mas pensa bem, o alimento fica muito pouco tempo em contato com a panela: ele tosta por fora nesse rápido contato e se mantém tenro por dentro.
Agora é misturar tudo, arrumar o sal, experimentar. Finalizei com um tanto de óleo de coco sabor manteiga e azeite de oliva. Generosamente. As gorduras são ótimos veículos para os sabores e portanto facilitam as trocas.
As especiarias também dão uma passadinha na frigideira; mesmo os temperos que estão quietinhos nos vidros, quando aquecidos, se abrem e se mostram. Assim é.
Eline sağlık.
No dia 7 de dezembro na Saturnália aconteceu o Baco Bem Temperado: a sommelière Sílvia Rosa e a cozinheira Aline Higa apresentamos quatro harmonizações de vinho, comida e astrologia 🍇.
A segunda foi ao temperamento sanguíneo: Couscous marroquino com Vinho Rosé da Uva Merlot (Uva vinifera, cultivada na Serra Gaúcha/RS)
Vênus Rosé Seco Vezzi de Máximo Boschi
Coloração rosa claro/rosa antigo, límpido, com aromas leves de frutas vermelhas frescas e ligeiro mentolado. Boa acidez e ligeiro frutado no paladar, remetendo a maças cozidas e final refrescante. Corpo leve.
Coloração rosa claro/rosa antigo, límpido, com aromas leves de frutas vermelhas frescas e ligeiro mentolado. Boa acidez e ligeiro frutado no paladar, remetendo a maças cozidas e final refrescante. Corpo leve.
foto: Dani Domingues
Couscous marroquino sanguíneo
1. Preparei um caldo com talos de salsinha, louro tostado e uma erva que conhecida regionalmente como salsa-knorr mas pode ser substituída por salsão. Salguei um pouco.
2. Cortei um terço de uma berinjela em cubos pequenos (lembre-se que vão diminuir) e deixei com sal em uma peneira.
3. Cortei em pedacinhos:
1cS de amêndoas tostadas e cortadas (10g)
1 cS de cranberries (12g)
1 un tâmara picada (5g)
1 un figo turco (10g)
4. Lavei a berinjela e sequei com com papel toalha.
5. Hidratei a sêmola (40g) com o mesmo volume de caldo quente. Abafei por 3 minutos e então raspei com um garfo para desfazer os grumos e deixar o couscous bem soltinho.
6. Em uma frigideira quente e seca, passei sementes de erva doce e gergelim por uns segundos e então acrescentei zahtar, um pouco de pimenta preta e pimenta caiena. Isso é bem rápido, só para abrir o sabor e não pra fritar. Adicionei ao couscous.
7. Na mesma frigideira quente salteei a berinjela, aos poucos. Com azeite de oliva.
8. Misturei tudo, arrumei o sal e finalizei com óleo de coco sabor manteiga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário