Em 1867 apareceria em Paris outro livro de francês sobre o
Brasil – Le Brésil contemporain, de
Adolphe d’Assier (...) E com relação, especificamente, aos doces, opina que no
trópico úmido – observação de possível valor ecológico: os entendidos que
opinem a respeito – os vegetais e os frutos perdiam ‘a discreta predominância
de um sabor levemente azedo numa polpa adocicada’. Característica dos pêssegos,
das ameixas, dos figos, das uvas, de regiões temperadas europeias como a Provence. E pormenoriza com alguma
sutileza, de resto muito francesa, de paladar: ‘(...) é necessário um clima
seco para que essa arte se desenvolva e para que a proporção de açúcar não a
mascare. Infelizmente não poderia ser assim nos trópicos’. E mais: ‘A enorme
quantidade de água que a seiva transporta e que o vegetal absorve por todos os
seus poros numa atmosfera continuamente carregada de vapores incha a fruta,
neutraliza sua acidez e transforma a polpa em melaço’. Reconhece, entretanto,
D’Assier naquele seu aliás excelente livro: ‘(...) os doces tirados dessas
frutas costumam ser deliciosos’. O fato concreto, real, vivo a desfazer a
teoria com pretensões a objetivamente científica.
in: FREYRE, Gilberto. Açúcar. São Paulo, Companhia das
Letras, 1997, pág 162-163
Nenhum comentário:
Postar um comentário