"Um fama tinha um relógio de parede e dava-lhe corda todas as semanas COM GRANDE CUIDADO. Passou um cronópio e ao vê-lo pôs-se a rir, foi para casa e inventou o relógio-alcachofra ou alcaucil*, que pode e deve dizer-se de uma outra maneira.
O relógio alcaucil deste cronópio é um alcaucil da espécie grande, preso pelo caule a um buraco da parede. As incontáveis folhas do alcaucil marcam a hora atual e além do mais todas as horas, de maneira que basta o cronópio arrancar-lhe uma folha para saber a hora. Como ele as vai arrancando da esquerda para a direita, a folha marca sempre a hora exata, e cada dia o cronópio começa a tirar uma nova rodada de folhas. Ao chegar ao coração, o tempo já não se pode medir, e na infitina rosa roxa do centro o cronópio encontra um grande prazer, então come-a com azeite, vinagre e sal, e põe outro relógio no buraco."
*Usam-se em espanhol indistintamente as duas formas: alcachofra ou alcaucil)
In: CORTÁZAR, Julio. Histórias de Cronópios e de Famas.
07 novembro 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário